Olho às ruas pavimentadas e com nomes,
Passo por elas e não me identifico,
Mesmo com sua beleza inconfundível,
Me fazem sentir triste e vazia,
Me sinto uma estranha em meu habitat,
Sinto saudades de casa e de toda simplicidade que me rodeava.
Penso na terra batida sem nome onde passei minha infância,
Que me viu trocar os sorrisos por lágrimas e vice-versa,
Que reconhece minha bipolaridade e entende que ás vezes somente nela quero estar,
E as vezes juro nunca mais colocar meus pés.
Olho às ruas cheias de carros e pessoas,
Percebo o que elas estão fazendo comigo,
Uso a versão mais estúpida que há em mim,
Apenas tentando me proteger e é tão cansativo ser assim,
Por isso sinto falta das ruas abertas onde brinquei.
Mas sempre que volto, estou agressiva demais,
Estou rude demais, triste demais, alegre demais, cansada demais,
Nunca na medida certa ,
Por isso juro nunca mais voltar.
Mas nada disso realmente importa,
Não importa se me sinto bem,
Se me sinto feliz , triste, em casa, deslocada,
Tenho que lá estar e sem reclamações,
Tudo pelo bem maior.
https://eliesereborba.wordpress.com/2020/04/21/quarentena-os-dignos-e-indignos-de-viver/
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